Sem medo,
sem teto,
caminho
cem passos,
sentado,
calado,
escravo
da mordaça.
Vou pela Paulista,
pelo centro novo,
palco das artes,
do monopólio,
sepultura do povo
Prossigo alto,
de cabeça baixa,
dou com o centro velho.
Tudo é memória.
O desespero me assalta,
muitos são os corpos
em declínio,
em decomposição,
miro o céu
mas o único brilho
são os olhos
dos abutres,
dos tucanos,
da velha nova
aristocracia urbana.
Desoriento,
desapareço,
me desligo,
aperto o off.
Volto a mim na higienópolis,
cidade higiênica,
há algo errado,
repito,
há algo errado.
Os muros,os bares,
a mistura dos cheiros,
as damas da noite,
o aroma dos cadáveres,
nada me convence.
Sou agora
órfão da tristeza,
o prisioneiro do tempo,
filho bastardo da lucidez,
o alcool já não cura.
Mergulhei na
incompreensão orgânica,
no abismo insólito,
na minha
doença degenerativa.
Perdi São Paulo
e não há quem devolva,
seja a terra,
o apóstolo,
ou qualquer outra,
ilusão individual.
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