terça-feira, 15 de abril de 2014

Poema para um filho

esbaforidas,
as luzes andróginas
subvertem o ambiente,
o corpo da cidade,
da sequência,
da atrofia

em pleno século vinte e um
secam-se os homens
como a vasos de barro
produzidos em cadeia,
livres das mãos e pés,
à passos de escolhas
limitadas

em digno contemplar
legitimam as pérolas,
o ouro, o brilho das insígnias,
a suprema ordem que rege
a distância dos muros do castelo
a tosca lógica hierárquica
do indizível e do inimaginável,
o descolamento dos homens
de sua humanidade

aleijados,
filhos prematuros,
arrastam se os pobres,
as pedras, os padres,
às pressas,
produtos soturnos

em paz de concreto,
de ferro, de pólvora
em um nenhum futuro,
em um real inerte,
carente
e absurdo


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