Eu tenho em
mim
um amor do
tamanho do Brasil,
que me
silencia
e me mata
de fome
que me
rompe os nervos
e que me
transforma
que me
transtorna
no ranger
de uma
sacudidela
continental
transpondo
meridianos,
pelos azes
do samba
pelo cheiro
feijão mineiro
pelo rubor
da pimenta baiana
eu
tenho em mim um amor incorrigível,
pelo
sotaque carioca,
pela
frenesi paulistana,
pelo
chimarrão do Rio Grande do Sul,
pela
mulatas de Rondônia,
pelas
cercanias de Brasília
e pela
solidão do Acre
eu tenho um
amor que dói e que fere
de saudades
e de imensidão andina,
de frio, de
calor, de clima
do cume do
mundo
para o sul,
para o céu
da América Latina.