segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Mulheres Híbridas

Nas ruas,
do cais, das praças,
das luas, dos sais,
deparei me um dia
com as mulheres híbridas,
que eram carregadas,
que eram fímbrias
de olhos tristes,
lusas, musas, índias,
feitas de ferro,
feitas de cor,
feitas também de tinta

Vozes aquiescidas,
braços atenazados,
unhas de carne roída,
corpos imóveis sob a cartola,
que o mágico das ruas tira,
sobre o cume das vozes hipócritas,
sob os vestidos de espessura fina

Uma chaga por hora corrida,
um cliente a cada esquina,
acidentes no asfalto homérico,
calçadas de rua sem saída,
prostitutas no mundo dos homens,
meninos que o mundo fez meninas

Uma abraça uma sombra,
outra flerta com o ácido,
cianídrico, gástrico,
eu, por faltarem palavras,
crio neologismos
seriam elas homens,
mulheres,


ou mulheres híbridas?

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