Nas ruas,
do cais, das praças,
das luas, dos sais,
deparei me um dia
com as mulheres
híbridas,
que eram carregadas,
que eram fímbrias
de olhos tristes,
lusas, musas, índias,
feitas de ferro,
feitas de cor,
feitas também de tinta
Vozes aquiescidas,
braços atenazados,
unhas de carne roída,
corpos imóveis sob a
cartola,
que o mágico das ruas
tira,
sobre o cume das vozes
hipócritas,
sob os vestidos de
espessura fina
Uma chaga por hora
corrida,
um cliente a cada
esquina,
acidentes no asfalto
homérico,
calçadas de rua sem
saída,
prostitutas no mundo
dos homens,
meninos que o mundo fez
meninas
Uma abraça uma sombra,
outra flerta com o
ácido,
cianídrico, gástrico,
eu, por faltarem
palavras,
crio neologismos
seriam elas homens,
mulheres,
ou mulheres híbridas?
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