sábado, 9 de abril de 2016

O brilho da água
é insipido,
minha cama é dura
e os dias se encadeiam
como elos de uma corrente
metálica.

Já não sou capaz
de dar nome as coisas,
esse poema vai sem título,
o sujeito que passa na rua
me é desconhecido.

A chuva ameaça do céu
mas não cai,
o calor é estupido,
faz suar as costas
e avermelhar a face.

Tudo aponta para um
típico dia de verão,
mas é outono

fora e dentro de mim.

quinta-feira, 17 de março de 2016

A Frágil Dama

A frágil dama nasceu
e mal tem vinte anos

Nasceu sobre o pranto
de pais desconsolados
sobre o grito de órfãos
e desaparecidos

Pode não ser a mais bela,
de certo não foi perfeita,
mas era gente.

Mal tem vinte anos
e já querem desmembra-la
tão nova a coitada
e já querem molestá-la,
nem atriz é e já a querem
em um drama
de cinco atos

Quando a loucura veste a beca
é nosso sangue que escorre,
e nossa alma que berra,
é nosso peito que sufoca
quando o dia morre


e cai a noite.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Nem todos tem a sorte
de acordar sob um céu cinza:
saltar dos sonhos
resmungando horas,
inundando a vida,
respingando luz
sobre os olhos.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Ser poeta,
ofício duro,
nome, título,
tiro no escuro

versar sobre,
versar sempre,
versar antes,
versar tudo.