sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Sol

Quebro o silêncio e me solto
para não ficar só.
De palavras, me cubro
de mentiras,
todas rotas, terrosas,
alcalinas.
Através de minha língua,
construo bloco vazio
insustentável
e cru.
Giro pelas ruas,
me escondo pelas esquinas,
sambo ao som das buzinas,
morro de rir sozinho
pelos becos.
Essa é minha droga,
essa é minha vacina,
viver a vida de maneira
ensandecida,
sem pausa
e sem direção.
Meu caos se reflete
nas paredes sujas,
nas portas quebradas do armário,
nas roupas espalhadas
no chão do quarto.
Esse sou eu desperto,
ou eu insípido,
ou eu em coma.
Esse sou eu e pronto.
Esse sou eu, e ninguém mais.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Cores

Para minha amiga Geisla, companheira de tantos tropeços, de tantas loucuras.




Meu plano é simples:
Nadar sobre o rio da vida,
mergulhar sobre sua superfície,
remar sobre sua forte correnteza,
(as vezes à favor, as vezes contra).

Olhar por suas águas cristalinas,
(as vezes turvas)
e enxergá-lo de ponta à ponta
e em cada margem.

Sem me afogar.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

minha solidão é de mármore,
pedra dura, granito

solto no mundo,
gratino ao som do vento,
sob a luz de um sol negro,
enrolado em uma sombra
projetada no asfalto.

Foi-se o poeta,
o cientista,
sobrou um meio homem,
cheio de ideias,
de vontades,
frio e impotente
perante sua própria
inércia.