quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Meio Azul meio nada

Um dia cinza
e essas lágrimas
que caem dos olhos,
meio azuis,
meio nada,
sobre a boca amarga,
sobre a barba serrada.

Sento-me quieto,
olhando pro céu,
para a ausência de sol,
para o vazio que toma
o canto da alma,
o silencio que sopra
do canto dos pássaros,
e os sons dos martelos
que caem sobre minha
cabeça.

As semanas passam
sobre minha carcaça,
esbarram em meu esqueleto,
e me deixam mais magro
cada hora um novo aperto,
cada dia uma ameaça,
de tudo e de mim mesmo,
pra que o ego se contenha,
pra que o sonho se desfaça.

E olhando pro mundo assim,
tudo mudo e o que me resta,
pela lente do tempo,
pelo vazio da fresta,
sigo cego e absorto,
à espera de um tudo,
à espera de um tanto.