terça-feira, 27 de maio de 2014

Lamúrios de outono

Hoje eu acordei
e me senti mundano,
congelado pelo frio
que vem de minha janela
açoitado pela dor de estar
vivo

Hoje,
acordei vendo o mundo
longe de minha
paranoia,
repleto de cores,
livre de minha
indecência

Não que esteja triste,
ou feliz,
não seja neutro,

Simplesmente sinto,
vaga e estilhaçada,
essa maldita hora
que vim ao fundo,
que vim ao tédio,
que vim ao mundo

pela enésima vez

em uma vida só.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Poesia Enviesada

O POVO GRITA!
Soltas, as vozes se perdem,
no vácuo, na ribanceira

Quem é o povo?
Quem está de acordo?
Quem são todos esses, calados?

Dizem ser todos
massa de manobra,
midiática, sindical.
Quem é seu próprio guia?

Dizem ser culpa da copa,
menos futebol e mais hospitais,
menos impostos, mais ganhos reais,
a culpa é sempre to estado,
que interfere demais.

A culpa é dos PTralhas,
dos corruptos, bandidos de terno,
a culpa é das mulheres de esquerda,
que rejeitam os liberais.

O BRAZIL não tem mais jeito,
é assim desde a fundação,
não há nada para ser feito,
vamos todos pra EUROPA,
vamos embora de avião,
nós que somos  o povo eleito,
criadores da negação,
deixemos esse país liberto
de toda nossa,
abominação



quarta-feira, 7 de maio de 2014

Lembrança

Muito do que fora dito,
agora então, se escondia
em vácuos de sólida pedra
em rios bravios de lamparinas

O instante agora ontem,
vinho seco, pedra fria,
era o soco, minuto cadente,
em sobra, desespero
e alegria.

Paisagem

Eu vi a luz na sombra
e os corpos dos homens
que sedimentavam-se
nos vãos e trilhos
das estações de trem

Terminais,
como se fossem fins
ou como lacres ou tampas
de garrafas vazias de
álcool

Soltos, retilíneos,
livres como chamas
nas pontas de palitos
de fósforo,
acesas como luzes,
no túnel das sombras

Calcinados,
estampas velhas,
gastas do sol
e do frio
que racha a sobra
velha
do tártaro

e dos dias.